Manual

INTRODUÇÃO

No século XVI o Espírito Santo era uma terra selvagem, coberta por uma densa floresta que emoldurava praias bonitas e uma diversidade de raças indígenas dos troncos tupi (temiminós e tupiniquins) e Gê ou Tapuia. Nessa época e nesse cenário o espanhol das Ilhas das Canárias, Joseph de Anchieta, delineou com passos firmes e rápidos uma rota catequizadora que hoje se apresenta aos andarilhos de todos os lugares. Na sua missão catequizadora, José de Anchieta, como se tornaria conhecido na Terra Brasilis de outrora, estabeleceu-se nos últimos dez anos de sua fecunda existência na Aldeia de Rerigtiba, cem quilômetros ao Sul da Vila de Vitória, de onde se deslocava a cada quinze dias até a principal província do Espírito Santo para cuidar do Colégio de São Tiago, cravado num platô da ilha onde se encontrava a vila e que mais tarde se transformaria na sede do Governo Estadual, apropriadamente denominado Palácio Anchieta.

Hoje, a trilha catequizadora do Padre Anchieta desvela cenários que mantém sua beleza embora não ostentem mais seu aspecto original. Esse trajeto, palmilhado ao longo de toda a orla que se estende de Vitória ao município de Anchieta, descortina aspectos ecológicos, históricos, culturais e dado a permanência do vulto gigantesco de Anchieta, também uma dimensão religiosa.

Esse é o caminho que você irá percorrer, andarilho. Qualquer que seja o motivo você poderá experimentar o sentimento de Anchieta vencendo distâncias e cansaços para chegar ao seu destino. O resultado é, sempre, uma gratificante sensação de vitória e um aprendizado que sempre lhe será útil na simbólica caminhada da vida. Qualquer que seja o caminho, por tudo que ele ensina de nós mesmos, ele se torna mais importante que o destino, a chegada.

Essa será, então, apenas a coroa da sua vitória. O objetivo deste manual é esclarecer algumas dúvidas que você possa ter antes e durante a caminhada. O que levar, o que usar e como fazer o percursos, entre outras coisas. Feliz caminhada.

ANCHIETA, O PRIMEIRO ANDARILHO

Nascido em La Laguna de Tenerife, Ilhas Canárias em 19 de março de 1534 (um ano antes da chegada de Vasco Fernandes Coutinho ao Espírito Santo), filho do basco Juan Lopes da Anchieta, de uma família nobre de Guipuzicoa, e uma nativa de Tenerife, Mência Diaz Llarena, com quem se amancebou, Anchieta foi mandado pelo pai aos 14 anos para estudar em Coimbra.

Revelando notável inteligência nos estudos acadêmicos ingressa na Companhia de Jesus, fundada em 1535 por seu primo Inácio de Loiola. Enviado ao Brasil para a missão evangelizadora e para tratar de uma tuberculose óssea que o afligia – e que o deixou com a postura encurvada – Anchieta aqui chegou em 1553 aos 19 anos aportando primeiro em Salvador e depois rumando para a capitania de São Vicente onde fundou o Colégio de Piratininga, embrião da cidade de São Paulo. Tornou-se o principal catequizador dos índios brasileiros e se valia de recursos teatrais nesse trabalho, o que lhe confere o pioneirismo das artes cênicas nacionais, sendo justamente reconhecido como o fundador do teatro brasileiro.

Há controvérsias sobre o seu papel histórico como 4 colonizador a serviço de uma religião mas o que se ressalta é que por ser filho de uma união informal entre um nobre e uma nativa Anchieta influenciou muito para que a relação entre conquistadores e nativos fosse mais humana e menos ideológica, integrando as raças em vez de segregá-las, como se veria na colonização norte-americana. Chegou mesmo a incentivar o casamento entre portugueses e nativos, coibindo excessos. Deixou a obra literária mais importante do Brasil no século XVI, composta de cartas, poemas e autos.

Além de fundar São Paulo e Niterói, Anchieta construiu as casas de Misericórdia do Rio de Janeiro e Vila Velha, as igrejas matrizes de Rerigtiba e Guarapari , fundando no Espírito Santo as cidades de Rerigtiba (hoje Anchieta), Guaraparim (Guarapari) e São Mateus. Pode ser considerado o primeiro cientista brasileiro, tendo descrito a função da bolsa dos marsupiais, os canais e glândulas de veneno das serpentes e classificado o tapir, ou anta, entre os equinos. Realizou obra notável nas áreas de ciências naturais, linguística – tendo escrito a primeira gramática tupi-guarani para facilitar o trabalho de evangelização dos colegas -, diplomacia, antropologia, arquitetura e artes. Chefe de guerra, nomeou Tibiriçá capitão e junto com os Goitacazes marchou contra os Tamoios expulsando-os para Iperoig (hoje Ubatuba) onde depois se apresentou e permaneceu como refém para negociar a paz, ocasião em que compôs seu famoso poema em homenagem à Virgem Maria, com seis mil versos escritos na areia. Junto com Araribóia, um guerreiro temiminó de Vila Velha, combateu os franceses no Rio de Janeiro, expulsando-os em 1567. Sua ação estendeu-se do litoral de Pernambuco até São Paulo. Atraído pelo aspecto ameno de Rerigtiba, ao que se supõe por evocar-lhe sua Laguna de Tenerife, escolheu essa vila do Espírito Santo para viver os últimos dez anos de sua vida expirada em nove de junho de 1597.

Nessa fase final percorria habitualmente a pé – já que o problema na coluna impedia-lhe a montaria – o trecho entre Rerigtiba e o Colégio de São Tiago onde serviu alguns anos como Provincial do Brasil. Nas suas andanças pelas 14 léguas entre Rerigtiba e Vitória adiantava-se na caminhada mesmo aos mais vigorosos guerreiros índios que, por isso, o denominaram Abará-bebe (padre voador) e Caraibebe (homem de asas). Nesse percurso se encontram os registros de feitos extraordinários que lhe conferem uma dimensão mítica. Os cronistas da época descrevem-no como de corpo pequeno e mirrado, fisionomia morena, trato agradável, aspecto de velha, pequena corcunda, olhos vivos e perspicazes. Um grande homem do seu tempo.

ESPÍRITO SANTO – O MEIO DO BRASIL

Terra de mar e montanha, síntese física e étnica do Brasil pelo contraste de paisagens e climas e a multirracialidade que exibe em todo o seu território, uma exígua área de 45.597 km quadrados que eqüivalem a 0,53% do território nacional, o Espírito Santo localiza-se no Sudeste brasileiro, compõe-se de 78 municípios e tem por capital Vitória, uma ilha de 89 quilômetros quadrados. Limitando-se ao norte com a Bahia, a oeste com Minas Gerais, ao sul com o Rio de Janeiro e a leste com o Oceano Atlântico, o Espírito Santo tem um clima predominantemente tropical, quente e úmido no litoral e temperado na zona serrana.

Seu relevo é montanhoso, com altitudes que sobem do nível do mar até 2.000 metros. No contraste do clima e diversidade étnica que reúne uma mistura de italianos, alemães, holandeses, suíços, árabes, poloneses, portugueses, negros, índios, suíços, libaneses encontra-se a personalidade capixaba, a designação que originalmente aplicada apenas ao nativo da ilha estendeu-se também a toda pessoa nascida em solo espírito-santense. Capixaba quer dizer roça ou lavoura de milho, a cultura predominante dos índios que ocupavam a região que se estende de Campos à Bahia. O Espírito Santo tem uma população estimada em 4.1 milhões de habitantes (atualizado em nov/21), a maioria concentrada em sua região metropolitana constituída por Vitória, a capital , e os municípios de Vila Velha, em cujas praias aportaram os primeiros colonizadores a 23 de maio de 1.534, Serra, Viana e Cariacica. Vitória foi fundada em oito de setembro de 1.551 na ilha denominada pelos indígenas de então por Guananira (“Ilha do Mel”) contando hoje com cerca de 369 mil habitantes (atualizado em nov/21).

VITÓRIA – A ILHA DO MEL QUE VIROU CIDADE PRESÉPIO

Maior de um arquipélago costeiro de 34 ilhas que incluem algumas que hoje se transformaram em sofisticados bairros residenciais, como a Ilha do Boi e a Ilha do Frade, Vitória tem 81 km quadrados e conta com cerca de 270 mil habitantes. Forma um dos mais belos conjuntos urbanos do Brasil com a integração da montanha, cidade e mar e oferece uma topografia contrastante em suas partes alta e baixa. Na primeira encontram-se os monumentos históricos e as reservas de áreas verdes. Na cidade baixa localizam-se o comércio, os portos e as praias. Vitória é um marco divisor da temperatura das águas atlânticas no litoral brasileiro fazendo a transição entre a água fria do sul com a água morna do nordeste. Em seus domínios encontram-se as ilhas oceânicas da Trindade e Martin Vaz. É notável o espetáculo da entrada dos navios em seu porto em rota paralela com os carros que transitam pela sua orla.

VILA VELHA – AQUI NASCEU O ESPÍRITO SANTO

Primeiro núcleo de colonização da terra, conta cerca de 500 mil habitantes (atualizado em nov/21) e um litoral de 32 quilômetros de belas praias. Oferece uma das mais belas visões da baia de Vitória a partir da Terceira Ponte e do Morro do Moreno que se posta como sentinela à entrada do braço de mar. Vocacionada para o turismo a partir do colar de praias e uma vida noturna fervilhante tem sua base econômica diversificada pelo polo de confecções da Glória onde se encontra a fábrica de chocolates Garoto, empreendimento que transcende a função empresarial e se destaca como atração turística.

GUARAPARI – A CIDADE SAÚDE

Fundada em 1585 pelo padre Anchieta, localiza-se a 54 km ao sul de Vitória e conta com uma população de 126 mil habitantes (atualizado em nov/21) que no verão flutua em torno de 400 mil pessoas sendo um dos balneários mais procurados pelos brasileiros de Minas Gerais e Planalto Central. Conta com 30 praias e seu relevo oferece também a rica combinação de mar, montanhas, rios, lagos cachoeiras e ilhas. Oferece uma fervilhante animação social e intensa vida noturna na chamada alta temporada (período de janeiro a março).

ANCHIETA – O SÍTIO AMENO DO PADRE

A antiga Vila de Rerigtiba (lugar das conchas) que tanto encantou José de Anchieta por evocar-lhe a sua San Cristoban de Laguna de Tenerife foi fundada pelo grande andarilho no final do século XVI. Localiza-se a 80 quilômetros de Vitória e tem uma população de 17 mil habitantes. Suas atrações são a igreja construída pelo próprio Anchieta, a matriz de Nossa Senhora de Assunção e um exuberante litoral de 25 quilômetros onde se encontram praias de formas variadas, desde as costas abertas até as pequenas e acolhedoras enseadinhas. Ao sul de Anchieta encontra-se a Vila de Iriri, famosa por seu carnaval e no Rio Beneventes contempla-se o belo espetáculo proporcionado pelas garças em seu balé de recolhimento e se encontram as ruínas jesuíticas de uma salina clandestina que oferecem uma magnífica visão da presença do homem nos recônditos da natureza.

OS PASSOS DE ANCHIETA

Os Passos de Anchieta estendem-se por um caminho de 100 quilômetros de extensão que margeia o litoral, observando a prática andarilha dos colonizadores que se valiam das praias à falta de trilhas na vegetação cerrada que cobria o território de então.

Resgatado na atualidade ele alinhava os seguintes pontos: Catedral Metropolitana de Vitória – Palácio Anchieta (túmulo) – Escadaria Bárbara Lindemberg – Avenida Beira Mar – Curva do Saldanha – Terminal Dom Bosco – Travessia da Baia de Vitória – Sítio Histórico Prainha de Vila Velha – Subida do Convento da Penha – Convento – Morro do Moreno – Praia do Ribeiro – Praia da Costa – Praia de Itapoã – Praia de Itaparica – Ponte da Madalena – Praça da Barra do Jucu – Praia do Barrão – Ponta da Belina – Corais de Cima – Praia Grande – Praia da Baleia – Ponta da Fruta (Igreja) – Praia Rasa – Dunas d´Ulé – Tropical – Reserva Ecológica Paulo César Vinhas – Pedra da Tartaruga – Lagoa dos Caraís – Setiba – Una – Santa Mônica – Perocão – Três Praias – Aldeia – Praia da Cerca – Praia do Morro – Muquiçaba – Ponte de Guarapari – Praia da Fonte – Igreja N. S. Conceição – Praia das Virtudes – Castanheiras – Praia da Areia Preta (Radium Hotel) – Falésias – Ipiranga – Enseada Azul – Mucunã – Gaibura – Bacutia – Praia dos Padres – Meaípe – Maimbá – Ubu – Parati – Praia da Guanabara – Castelhanos – Praia da Boca da Baleia – Santuário Nacional de São José de Anchieta.

PROGRAMAÇÃO DA CAMINHADA

Primeiro dia – trecho da Catedral Metropolitana (Vitória) até a Praça da Barra do Jucu (Vila Velha) num percurso de 25km.

Segundo dia – trecho da Praça da Barra do Jucu (Vila Velha) até Setiba, numa extensão de 28km.

Terceiro dia – trecho de Setiba até Meaípe, num percurso de 24km.

Quarto dia – trecho de Meaípe ao Santuário Nacional de São José de Anchieta, percurso de 23km.

PONTOS TURÍSTICOS NO CAMINHO

Início – Catedral Metropolitana – localizada na Cidade Alta, primeiro sítio da ilha a ser ocupado pelos colonizadores porque oferecia uma posição estratégica de defesa e vigília da baia, a Catedral de Vitória possui uma arquitetura mista de estilo gótico inspirada na Catedral de Colônia, da Alemanha e bizantino. Destacam-se os seus vitrais valiosos e uma capela subterrânea onde se encontram sepultados os bispos da diocese do Espírito Santo.

50m – Palácio Domingos Martins – A poucos passos da Catedral, no sentido do Palácio Anchieta, situa-se o Palácio Domingos Martins, sede da Assembleia Legislativa do Espírito Santo de 1912 a 2.000. No local existia a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia, fundada em 1606. A edificação foi remodelada e reinaugurada em 1912 com o nome do capixaba que se tornou herói na revolução pernambucana de 1813, servindo de sede do Poder Legislativo desde então.

331m – Palácio Anchieta – Sede do Governo Estadual, é uma antiga construção de metade do século XVI que abrigava uma escola de jesuítas e onde funcionou até 1760 o Colégio de São Tiago. Dentro estava a Sacristia, que fazia parte da igreja que havia no colégio. Hoje no Palácio Anchieta encontra-se o túmulo simbólico (cenotáfio) do Padre José de Anchieta, administrador do estabelecimento jesuíta na última década do século XVI. Foi remodelado no início do século com a caracterização da arquitetura jesuítica evidenciada por torreões. Sua entrada era lateral, ao contrário da disposição atual, onde o acesso principal se dá pelo lado do mar.

341m – Escadaria Bárbara Lindemberg – Integra um conjunto arquitetônico raro fazendo de Vitória a única capital brasileira cujo centro histórico dispõe de tais acessos. A escadaria Bárbara Lindemberg conduz do Palácio Anchieta à principal via da capital, a avenida Jerônimo Monteiro. Foi construída pelo francês Justin Norbert e exibe quatro estátuas de mármore das musas que representam cada estação do ano. Tem também uma estátua de Maria Ortiz – heroína capixaba que combateu bravamente os holandeses e que morava também em outra escadaria de acesso à cidade alta.

2.000m – Curva do Saldanha – A linha da orla de Vitória, na trilha de Anchieta, faz uma curva na altura de uma antiga fortificação militar, o Forte de São João, cujos vestígios são assinalados pelos seculares canhões que faziam a linha de fogo que barrava qualquer pretensão de invadir a então Vila de Vitória. Durante muitas décadas o forte original, adaptado para novas funções, sediou o clube esportivo Saldanha da Gama e abriga atualmente a Secretaria Estadual de Esportes e Cultura. Do outro lado do canal, em posição frontal, ergue-se o maciço do Penedo com 132 metros de altura. O Penedo e a Curva do Saldanha fazem o ponto mais estreito do canal de Vitória. A poucos metros desse local a história registra um feito notável dos habitantes da Vila quando, ajudados pelos índios, conseguiram barrar a investida do corsário inglês Thomas Cavendish, com uma enorme corrente de ferro que atravessava o canal, afundando uma de suas naus e forçando-o a bater em retirada depois de ver um dos seus principais homens morrer. Os sobreviventes do naufrágio que conseguiram chegar às margens, de ambos os lados, foram abatidos a flechadas pelos nativos.

6.168m – Prainha – Sítio histórico mais antigo do Espírito Santo, ali iniciou-se a colonização da terra no dia 23 de maio de 1535 quando o aventureiro português Vasco Fernandes Coutinho fundeou a sua caravela de segunda mão, a Glória, com sessenta degredados e vendo a manifestação hostil dos Goitacazes nas margens deu um tiro de canhão assustando-os e fazendo-os recuar para a mata. Posteriormente desembarcou e ergueu uma paliçada que representou a primeira edificação da cultura européia branca por essas bandas. Os ataques frequentes dos irascíveis goitacazes, porém, levariam os colonizadores a entrarem pela baia e se fixarem num dos platôs da Vila Nova, que hoje é a chamada Cidade Alta.

6.220m – Gruta do Frei Pedro Palácios – Um vão natural formado sob uma grande pedra serviu de moradia ao frei franciscano Pedro Palácios que ali habitava em companhia de um cão e de um gato Inspirado por um sonho onde apareceu uma elevação com duas palmeiras indicando o local a ser erguida uma ermida, o religioso espanhol ao chegar à Prainha identificou logo no morro do Convento o local para erguer um templo à Nossa Senhora. O frei trouxe da Espanha um quadro – que hoje se encontra no Convento – que por três vezes desapareceu de sua gruta para ser encontrado entre as duas palmeiras do alto da colina. Ali, então, decidiu erguer uma pequena igreja que foi ampliada no século XVII, tornando-se o principal monumento religioso do Estado e um dos mais expressivos monastérios do país.

6.225m – Ladeira das Sete Voltas – caminho que se inicia próximo à gruta do frei Pedro Palácios e conduz ao Convento da Penha. Seu traçado simboliza as sete alegrias de Nossa Senhora (a anunciação, a visita de Isabel, o nascimento de Jesus, o recebimento do Espírito Santo por Jesus, a apresentação de Jesus no Templo, a ressurreição de Jesus e a ascensão de Nossa Senhora como Rainha.

6.790m – Convento da Penha – Símbolo maior do Espírito Santo e marco da religiosidade que batizou o Brasil está encravado no alto de um morro a 154 metros de altura. Primeiro, em 1570, foi erigida no local uma capela em homenagem a Nossa Senhora. Em 1644 surgiu a atual edificação. Guarda o painel de Nossa Senhora trazido pelo frei Palácios, tratando-se da pintura mais antiga existente no Brasil. Dele se tem uma bela visão de toda a região metropolitana

6.270m – Matriz de N. S. do Rosário – Igreja mais antiga do Estado e a Segunda mais antiga do Brasil (a primeira é a lgreja Matriz de Salvador). Teve sua construção iniciada em 1535, como um pequena capela sendo complementada em 1551 quando adquiriu as características que se preservam até hoje. Foi construída pelo padre Afonso Brás, que também construiu o Colégio de São Tiago, e o irmão leigo Simão Gonçalves. Teve importância fundamental  na missão evangelizadora do século XVI. Localiza-se no Parque da Prainha.

9.757m – Morro do Moreno – Elevação que domina a entrada da Baia de Vitória e de onde se colhe também uma das mais belas visões de entrada de baia do Brasil. Com 164 metros de altura trata-se do mirante mais privilegiado da região metropolitana, abrigando rampas de decolagem de asa delta e parapente, além de atrair muitos adeptos de trekking para as diversas trilhas que o recortam.

11.603m – Praia do Ribeira – pequena e bucólica praia, ponto de atracação de barcos pesqueiros, fica entre o Morro do Moreno e o Farol de Santa Luzia, local onde residiu o primeiro donatário da Capitania do Espírito Santo. Conta a lenda que o padre Anchieta se hospedou nessa praia para tratamento de saúde e durante esse período teria realizado o milagre de deslocamento de uma grande pedra em forma de mesa que um senhor de engenho queria transformar em mesa de refeições para os empregados.

12.448m – Praia da Costa – é a praia preferida do morador de Vila Velha e de muitos capixabas. De águas claras e rasas, cercadas de pedras no canto esquerdo, concentra o maior número de restaurantes, bares , boates e hotéis. É uma das mais bonitas do Estado e do País.

15.426m – Praia de Itapoã – aberta e inclinada, com ondas fortes e água clara é boa para pesca de arremesso. Apesar de se encontrar em uma área urbana ainda mantém uma pequena comunidade de pescadores que saem de madrugada para a pesca e à tarde oferecem a cena clássica do arrastão, na puxada das redes para a areia. À sua frente fica a Ilha Itatiaia, local de desova das andorinhas do mar de bico amarelo e bico vermelho no período de maio a setembro.

18.713m – Praia de Itaparica – praia de mar aberto, com ondas fortes e constantes e encavada chegando a profundidade de três metros da linha da orla. Como Itapoã, é uma continuidade da Praia da Costa e se distingue pela intensa movimentação diurna e noturna em torno dos seus quiosques.

24.061m – Ponte da Madalena – construção recente, atravessa a reserva de Jacarenema (jacaré fedorento). Seu nome homenageia uma música famosa nacionalmente com a banda de congo da Barra do Jucu. A reserva de Jacarenema possui grande área de restinga da Mata Atlântica, sendo cortada pelo rio Jucu que deságua no mar onde provoca uma pororoca de pequenas proporções. Ali havia no século XVI uma reserva jesuíta da qual se vê ainda os escombros.

24.698m – Barra do Jucu – antiga vila de pescadores, famosa pelo congo e pela praia que é um point de surfistas que se arriscam na praia agitada junto ao morro da Concha. A congada é uma dança de tradição e costume africano. Levada ao som de tambores, caixas, pandeiros, reco-reco, cuícas, triângulos, apitos, chocalhos e rabeca , em noites de lua cheia e festas acompanha a cantoria dos negros escravos em suas senzalas.

37.114m – Ponta da Fruta – balneário que ainda guarda características de vila de pescadores e dotado de uma praia aberta, reta, de águas mansas, com faixa larga de areia amarelada e grossa. Á esquerda da praia, uma elevação com uma capelinha no seu cume cria uma imagem de rara beleza e um magnífico mirante. Nela existiu uma aldeia de índios tupiniquins , sendo ponto de pernoite do padre Anchieta nas suas caminhadas para a Vila de Vitória. Praias – A partir da Ponta da Fruta as praias se sucedem, passando por Ponta da Fruta, a das Dunas do Ulé, a Reserva Paulo Vinhas, Setiba Pina, Setiba, Santa Mônica, Perocão, Três Praias, Praia da Cerca, Praia do Morro, Praia de Muquiçaba e, já em Guarapari, Praia dos Jesuítas. Cenários que se alternam em praias de personalidades diferentes.

66.417m – Poço dos Jesuítas – na rota dos andarilhos, ao chegar em Guarapari, atravessar a ponte e dobrar à esquerda sobe-se o morro do Atalaia em cujo pé, do lado oposto, encontra-se o Poço dos Jesuítas no começo da Praia dos Jesuítas. Esse poço foi aberto pelo padre Anchieta em 1585 e guarda a concepção arquitetônica jesuítica para tal tipo de obra.

66.729m – Morro da Igreja – passada a Praia dos Jesuítas sobe-se o morro da Igreja onde se encontra a igreja construída em 1585 pelo padre Anchieta. Próxima dela encontra-se as ruínas da Igreja da Nossa Senhora da Conceição, construída em 1677 pelo donatário Francisco Gil Araújo.

67.694m – Praia da Areia Preta – deixando o Morro da Igreja, o andarilho passa pelas praias da Virtudes, das Castanheiras e chega à Praia das Areias Pretas, internacionalmente conhecida por suas areias monazíticas de alto teor de radioatividade que lhe confere poder medicinal e valeram a Guarapari o título de Cidade-Saúde.

77.867m – Meaípe – balneário a seis quilômetros do centro de Guarapari dotado de uma bela praia que o andarilho divisa após galgar uma elevação ao final da praia dos Padres, depois do conjunto de bela enseadinhas denominado Enseada Azul. Meaípe é a praia mais famosa e badalada do Sul capixaba devido aos seus agitos noturnos na temporada de verão, totalmente descaracterizada da antiga vila de pescadores que lhe deu origem.

87.253m – Ubu – pequena vila já no município de Anchieta guarnecida por um promontório (O pontal de Ubu) e celebrizada pelo acidente envolvendo o esquife do padre Anchieta. Conduzido em procissão por três mil índios desde Rerigtiba para o Colégio de São Tiago onde seria sepultado, o esquife tombou naquela orla fazendo os índios exclamarem Abá Ubú! Abá Ubú! (“o santo caiu, o santo caiu”)

88.600m – Parati – virtualmente uma extensão da vila de Ubu, Parati conta também com um poço aberto pelo padre Anchieta. O missionário abriu cerca de meia dúzias de poços no trajeto até Vitória, alguns dos quais, segundo a lenda, dando com o seu cajado no chão.

94.624m – Praia da Boca da Baleia – nesse local, recuado da trilha dos andarilhos e na propriedade da família Carone encontra se outro poço aberto pelo padre Anchieta, guardando ainda suas toscas características originais.

99.632m – Igreja Nossa Senhora de Assunção (Santuário Nacional de São José de Anchieta) – construída em 1597 pelo padre Anchieta em seu último ano de vida com ajuda dos índios tupis usando pedras de recife unidas com argamassa de cal de mariscos e óleo de baleia, a edificação abriga a cela em que o primeiro andarilho brasileiro vivia. Hoje nela se encontra o Museu de Anchieta que reúne objetos usados pelo padre e outras peças sacras de grande valor histórico.

OS ANDARILHOS DOS PASSOS DE ANCHIETA

A rota percorrida regularmente, a intervalo de 15 dias, no final do século XVI pelo padre Anchieta no trecho entre o atual município de Anchieta e Vitória descortina cenários de singular beleza e que emolduram aspectos históricos, culturais, esportivos, turísticos e espirituais. Trilhar o Caminho de Anchieta é uma decisão pessoal, inspirada por vários motivos. Quaisquer que seja, a ele se ajunta a colheita de uma rica experiência de introspecção, de estar consigo mesmo, de se permitir a reflexão sobre a própria vida e os próprios atos que a rotina de uma vida urbana raramente possibilita. Além disso, vivencia-se um momento singular de fraternidade. No caminho, não há como se furtar à solidariedade, primeiro exercício da fraternidade.

A caminhada oferece uma perfeita metáfora da vida. Os parceiros que se alternam ao longo do caminho segundo o ritmo do caminhar de cada um; o momento da pausa para encontrar o alento quando o desânimo se apresenta e a chegada ainda está longe; a experiência de superar as dificuldades buscando em si reservas de forças insuspeitadas até a celebração de uma chegada onde a vitória é premiada com a inefável alegria de ter ampliado os próprios limites.

O grande caminho, na verdade, é o que nos conduz da nossa mente inquieta ao coração sereno. Está dentro. Mas tanto melhor que um caminho de fora nos leve a enveredar por este que é o maior e mais verdadeiro caminho. O caminho ao encontro de si mesmo. Mais do que apenas uma prática saudável ou que a evidência do fervor religioso, a caminhada oferece ricas oportunidades de experiências transcendentais que a psicologia transpessoal denomina de estados de expansão de consciência ou “insights” psíquicos induzidos pela ação de hormônios como serotoninas e beta-endorfinas no organismo que explicam os chamados êxtases místicos.

COMO IR?

Você pode ir a pé, de bicicleta, a cavalo ou por mar.

À pé – se for a pé é importante lembrar que o ritmo normal de caminhada a pé é de quatro a seis quilômetros por hora. Dependendo da idade ou da forma física, o andarilho deve planejar o percurso que pretende fazer diariamente sendo necessário alguns cuidados como:

a) exercícios de aquecimento de no mínimo quinze minutos antes de iniciar a caminhada;
b) exercícios de alongamento de no mínimo 10 minutos ao terminar a caminhada;
c) evitar paradas intermediárias acima de vinte minutos;
d) usar tênis ou botinas apropriadas para longas caminhadas e que tenha pelo menos um número acima do que o andarilho usa. A caminhada produz inchaços que o calçado deve acomodar.

Bicicleta – a bicicleta mais adequada é do tipo moutain bike já que boa parte do roteiro é feito por trilhas e só um pequeno trecho possui asfalto. Observando velocidades médias entre oito a quinze quilômetros você poderá definir o tempo que deseja fazer observando:

a) em determinados trechos o caminho apresenta solo com areia e você deverá escolher entre empurrar a bicicleta ou usar outra alternativa (trilha de barro ou asfalto);
b) levar pequenos apetrechos de manutenção, apesar do caminho raramente ficar longo de áreas urbanas onde pode-se encontrar oficinas de reparos;
c) em certos locais é prudente usar cadeados de segurança;

Navegação – você tem a alternativa de fazer o caminho marítimo margeando a orla, através de windsurf, caiaque, barco à vela ou remo, além de outros tipos de embarcações. Para embarcações de maior porte há que se constar previamente as condições de ancoragem em Anchieta. Além de verificar as condições climáticas (mar e vento) esse munir dos equipamentos de segurança necessários é conveniente consultar o Iate Clube do Espírito Santo que fornece instruções mais detalhadas da rota;

DURAÇÃO DO PERCURSO

O tempo despendido para fazer os passos de Anchieta depende, lógico, da modalidade de transporte escolhida.
As médias observadas nesse trajeto são as seguintes:

A pé – pelas rotas oficiais (rodovias) a distância entre os dois pontos (Vitória e Anchieta) é inferior a cem quilômetros. Mas o caminho se desenrola ao longo do contorno do litoral- como o jesuíta fazia e pode incluir a visita a pontos turísticos, estendendo-se por 100 quilômetros. Pode ser coberto em jornadas diárias de seis a oito horas em quatro dias;

Bicicleta – Pode ser feito até em um dia, mas a proposta não é uma competição contra o relógio que subtrai a percepção dos encantos do caminho. Sugerimos dois dias de sorte a conhecer as belezas naturais e pontos turísticos do caminho;

Marítimo – considerando apenas embarcações a vela ou remo o percurso varia de dois a quatro dias.

Sinalização do Caminho – O caminho é sempre pelo litoral e portanto a orla deve ser a referência para qualquer eventual desorientação do andarilho. Mas a ABAPA instalou sinalização ao longo do percurso e a qualquer altura do trecho você se defronta com placas com as marcas inequívocas dos Passos de Anchieta. Na dúvida vale, claro, apenas indagar de algum comerciante ou morador do local onde se encontrar.

RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES

Dependendo do tipo de locomoção, devem ser adotados alguns cuidados e precauções com o bem estar físico:

a) É desejável que o andarilho consulte um médico e faça os exames necessários antes de tomar a decisão de fazer o caminho. O percurso é longo e exige boas condições físicas e de saúde para ser inteiramente percorrido;

b) É importante o uso de protetor solar e boné ou chapéu mesmo quando o sol não estiver forte. Você vai Ter uma longa exposição diária ao sol e ao mormaço, daí a necessidade de se proteger adequadamente. A data anual da caminhada oficial, início de junho, é de um sol mais ameno, mais ainda a sobre-exposição pode gerar problemas .

c) Principalmente os andarilhos que fizerem o caminho a pé é essencial o aquecimento de no mínimo quinze minutos antes de começar a caminhada e um alongamento de dez minutos após concluir a jornada diária. Evite paradas acima de vinte minutos.

d) Evite alimentos pesados, dando preferência a frutas como banana e maçã , além de chocolate. Beba bastante líquido ao longo do dia. Evite álcool e comidas gordurosas e procure ter uma boa noite de sono. Durma cedo.

e) É muito importante a proteção ao pé. Use tênis ou botinas apropriadas e já usadas. Não é um costume tropical, mas é muito bom usar meias, mesmo com sandálias. Se aparecer bolhas no pé você deverá, com muito cuidado, usar uma agulha desinfetada (em álcool ou no fogo de fósforo ou isqueiro) e impregnada de vaselina furá-las deixando cerca de dois centímetros de linha para cada lado. As linhas com vaselina drenarão o líquido e permitirão a secagem sem que você sinta dor.

f) Use roupas leves e mochilas com peso compatível com seu corpo. Use pomadas para evitar assaduras principalmente na virilha.

g) Se você se sentir mal, pare imediatamente de caminhar, peça ajuda aos moradores ou busque um telefone onde possa chamar alguém da ABAPA.

h) Não force o seu pique, o seu ritmo e mesmo a resistência. Se sentir que não tem condições físicas de completar o percurso peça ajuda também a um dos coordenadores da ABAPA.

O QUE LEVAR?

Esqueça os supérfluos. Pode ser apenas um peso à toa. Durante o caminho, se se lembrar que esqueceu algo não se preocupe. Acredite na solidariedade das pessoas que, como você, estão neste caminho. O fato de estar juntos no caminho cria uma ligação especial mesmo que você não conheça os outros. A solidariedade aflora naturalmente e ela é um dos encantos da caminhada.

a) Roupas:
– Bermuda ou short;
– Roupas de baixo;
– Três camisetas de manga curta;
– Camiseta de manga comprida;
– Roupa de banho;
– Calça confortável (moletom);
– Meias;
– Chapéu ou boné;

b) Banho:
– Uma toalha;
– Chinelo;
– Higiene pessoal (escova, pasta de dente, sabonete);

c) Utensílios:
– Isqueiro ou fósforos;
– Canivete;
– Óculos de sol;
– Cantil de um litro;
– Sacos plásticos (para lixo);

d) Primeiros Socorros:
– Agulha e linha de algodão para bolhas d’água;
– Band-aid, aspirinas e comprimidos para diarréia, dor de dente e resfriado;
– Esparadrapo de papel;
– Filtro solar;
– Medicamento específico, caso você faça uso de algum;

CERTIFICADO DO ANDARILHO

Para que o andarilho possa receber o “Certificado de Andarilho dos Passos de Anchieta” é necessário que ele tenha efetuado o seguinte percurso.

A pé – no mínimo metade do caminho, ou seja 50km;
De bicicleta – o percurso inteiro, de Vitória a Anchieta;
De barco – o percurso inteiro, de Vitória a Anchieta;

A comprovação do percurso será feita pelos carimbos existentes na Credencial do Andarilho que deverá ser apresentada no Santuário de Anchieta no último dia da caminhada, ou na sede da ABAPA.

TELEFONES ÚTEIS

POLÍCIA CIVIL

147

RÁDIO PATRULHA

190

PRONTO SOCORRO

192

CORPO DE BOMBEIROS

193

DEFESA CIVIL

199

IML - INSTITUTO MÉDICO LEGAL

(27) 3137-9127

DETRAN VITÓRIA / ES

(27) 3145-6762

RODOVIÁRIA DE VITÓRIA

(27) 3277-6907

AEROPORTO DE VITÓRIA

(27) 3235-6300

CORREIOS

3003-0100

ABAPA

(27) 3244-2323

COORDENADORES DA ABAPA

Carlos Magno de Queiroz Lilico

(27) 9 9928 4684

Eustáquio Palhares Aurich

(27) 9 9949 0370

Antônio Cesar de Andrade

(27) 9 9819 0876

Juliana Suaid Vasco

(27) 3235-6300

Luiz Alberto de Faria

(27) 9 8832 7727

Luiz Henrique Ribeiro Rocha

(27) 9 9981 0854

João Batista de Lima Wyatt

(27) 9 9625 3920

O QUE É A ABAPA?

A ABAPA, fundada em 31 de março de 1998, é uma OSC – Organização da Sociedade Civil, sem fins lucrativos, cujo objetivo maior é a implementação e consolidação e manutenção da trilha percorrida pelo padre José de Anchieta em território capixaba e brasileiro, promovendo esta rota nos seus aspectos ambientais, históricos, culturais, educativas, turísticos e espirituais. É integrada por profissionais liberais, empresários, estudantes, lideranças comunitárias, esportistas, pessoas de diversos ofícios e origens que se agregam em torno do objetivo comum que é fixar esse itinerário como uma via perene de andarilhos. Se você quiser saber mais sobre a ABAPA e o Os Passos de Anchieta mantenha contato conosco.

Os telefones são: (27) 3244-2323 / (27) 9 9928 4684 (whatsapp) ou fale conosco pelo endereço ospassosdeanchieta@gmail.com.